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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ajuda-me!



Apetece-me gritar, hoje. Rasgar a garganta em sustenidos de dor.
Não me perguntem as razões, não me perguntem nada.
A letargia em que me encontro prende-me as pernas, amarra-me o coração, acorrenta-me o corpo.
Quero libertar-me, voar sem rumo, agarrar-me às asas de uma gaivota e em cuidado altaneiro sobrevoar o teu corpo composto por grãos de areia que se esvaem na impotência das minhas mãos.
Quero refrescar o corpo e alma nas ondas geladas do mar revolto e de seguida descansar sobre a areia morna do teu corpo.
Precisava de ti neste momento a olhar comigo para o vácuo, mesmo que permanecêssemos no silêncio dos afectos inconfessáveis!
Dá-me a tua mão e agarra-me com a força do vento que verga o pinheiro bravo.
Mostra-me que a amizade é muito mais que uma palavra, que não passa apenas de uma miragem sem retorno. A tua, eu tenho, e a dos outros?
Amizade! Palavra mágica que está a morrer a extinguir-se como a chama de uma vela acabada.
Diz-me através dos teus olhos negros onde estão os meus amigos. Os meus já não vêem, estão cegos pela escuridão que me assola a alma.
Já não vislumbro sorrisos forçados, já não oiço vozes falsas que me querem dizer a verdade.
Quero fugir dos lábios que me beijam, que me tocam a pele da face, com uma carícia forçada e enganosa.
Oiço o grito da minha própria voz e não o reconheço. Quero abandonar o mundo da perfídia e do misantropismo.
Vou preparar a partida. Algumas peças de roupa, e não vou esquecer de levar um pouco da lua na balbúrdia da minha mala. Não irei esquecer de num cantinho levar um pedaço de ti.
Será esse fragmento teu que me irá amparar, e envolver-me num véu transparente de verdade e encher-me o peito desguarnecido de alento.
Não, não quero ficar. Não quero pensar… mas não consigo deixar de o fazer.
Eu quero, mas nada faço para me ajudar e apenas escrevendo me consigo calar.
Porque nos escondemos em tanta contradição?
Os afectos deturpam-se, interrompem-se à mínima contrariedade.
Se é assim onde está a autenticidade?
Que realidade é esta? O desassossego que me acompanha, dia após dia, tem o mesmo sabor da atrocidade que se comete a cada momento em que fingimos, que nada vemos, que nada sentimos, que nada fazemos.
Ajuda-me a irradiar o que de pérfido está no mundo, e porventura em mim.
Age ligeira porque as lágrimas rolam, uma após outra e queimam-me a face de saudade, raiva, tristeza, dor, amor. Sim, amor também faz sofrer.
Deixa correr este rio que há tanto tempo acorrento, que se quer soltar e ir desaguar ao teu regaço.
A modorra fez-me perder a asa da gaivota que me iria levar até ti. Não irei jamais contemplar o teu corpo de areia, escutar o teu sorriso, o paladar da chama dos teus olhos, nem ver o colorido da tua voz quando me chama.
Neste momento, com o breu que me tinge a alma, apenas me poderei agarrar ao patágio de um qualquer morcego até que este me largue em qualquer algar escuro e pérfido tal troglóbio onde possa depositar o meu corpo na vertical, tal como a minha consciência.
Ajuda-me a ser eu!

3 comentários:

Anónimo disse...

Uau, quanta originalidade nesse texto. Gosto do seu jeito excêntrico de falar da vida, dos sentidos e amores que por vezes, nos cegam os olhos. O que não deixa de ser de todo 'bom' pois; nos abre o olhar do lado interno dentro de nós... O olhar da alma...

BjO..

Heduardo Kiesse disse...

PODEROSOOOOO!!!!!!

UAU MESMO!!!!!

- INTENSO...

ABRAÇO

Terra de Encanto disse...

Creio ter deixado, antes, um comentário a este post...mas não o vejo, e fico na dúvida...assim, regresso para te dizer que senti no fundo da alma este grito. E a beleza do teu texto.

Boa noite...