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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Anjo sem asas




A incerteza da vida confirma-se na certeza da morte. Na madrugada de 21 Setembro de 2011 perdi um descomunal pedaço de mim.
Todos sabemos que a morte é um acontecimento terrível.
As seis da manhã já se tinham instalado. Não conseguia pregar olho, porque a morte chegou sem ser apresentada, foi apenas convidada.
Há dias em que morremos mais que outros. Em que o coração estaca, a mente estagna e a alma encrosta.
Falece a esperança, e a tristeza fica mais amarga. O assombro é de tal forma súbito que nem tempo subsiste para a extrema-unção.
Ter um amigo em casa, que envelhece em média, cerca de sete vezes mais rapidamente do que nós, é um pouco como ver uma película futurista da nossa própria vida: as faculdades vão-se degradando, o temperamento vai amolecendo, a energia vai-se perdendo. Só o amor e a amizade ficam e mantêm-se constantes, coisa que a maioria dos humanos não consegue preservar.
Sinto a falta da tua presença à minha volta.
Emergiste assim do nada, como um anjo que cai do céu. Cresceste sem asas, mas não desperdiçaste as alas da bondade, da amizade e do amor.
Meu amigo foste, és, e sempre serás, como um anjo sem asas, que continua a voar no meu pensamento.
És um barco sem vela que eternamente navegará pelos meus mares que inundam a minha solidão.
Ao partires deixaste um colossal vazio no meu peito, uma louca vontade de chorar. Chove-me a cântaros na alma.
A tristeza inunda-me o coração. A dor é inaudível, mas feroz. A alma, essa já não padece, está submersa. Foi como se o inverno me invadisse antecipadamente, e uma hipotermia se apoderasse do meu corpo que treme de frio e de nostalgia.
Sinto a saudade dos teus olhos doces que já não posso olhar, do teu pelo que já não posso acariciar.
Foste tempero do meu ser, o sal do meu viver. Ensinaste-me a amar.
Não existem palavras para definir todo este encanto que tomou conta de mim.
És um anjo sem asas a voar no interior do meu coração.    
Até sempre!



                                            
Afonso da Tala (Simba)
18-08-1996
21-09-2011


6 comentários:

Luz disse...

Foi, é, e será sempre o olhar mais doce que alguma vez vi num misto de tristeza inspiradora de infinita ternura.

Obrigada Simba por um dia ter cruzado o meu olhar com o teu.

Beijo

Anónimo disse...

Como o compreendo!!
O Goofy (cocker spaniel)ganhou asas e deixou esta realidade a 29 de Julho de 2011.
...Dizer que foi o meu fiel amigo desde 1994, parece tão pouco comparado com tudo que gratuitamente me ofereceu!
Resta o consolo da sua companhia para onde quer que vá, agora sem restrições, sem regras!!!!!
Até breve MEU AMOR
Bem haja

elsagnes disse...

Subscrevo. É de facto um olhar enternecedor, inspira uma doçura ímpar.

Beijo :(

COISASdaMIROCA disse...

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COISASdaMIROCA disse...

Hoje:-
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COISASdaMIROCA disse...

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