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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


Já senti a vida demasiado perfeita, para ser contada, como numa história, num conto de embalar.

Já acordei com o roçar dos teus cílios nas minhas costas como um brando bater de asas.

Já amarrotei os meus pensamentos e rasguei os meus sentimentos.

Já ouvi o bater do coração na minha pele.

Já experimentei os teus braços envolverem-me como raios ao nascer da manhã.

Já fiz acordes no seio do teu pescoço.

Já te afaguei o ventre como as notas de piano na memória dos dedos.

Já cerrei os olhos para o sonho chegar.

Já deixei a maresia envolver o meu corpo e o som das gaivotas inundar-me de silêncio.

Já senti de modo devasso roçar em mim o dia.

Já muitas vezes o silêncio foi o nosso melhor amigo.

Sempre que as palavras não ecoam, os olhos não vêm e apenas o coração dói, não digas nada porque sem palavras, não há sofrimento.

E, já te divia ter dito:

Quando te sentires isolada numa noite de inverno, ampara este meu texto bem apertado junto ao peito para eu poder alentar com um beijo cálido o teu coração e assim não me perder no desassombro do esquecimento.