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segunda-feira, 4 de março de 2013

Não sei se foi por vontade de Deus…





Não sei se as palavras que quero empregar têm o vigor que necessito que tenham, mesmo que não passem de sombras no segredo da maioria das noites em que o meu corpo se recusa a dormir.

Não sei a cor do tempo que me arrisco a perder, não sei se uma palavra ou um gesto poderão mudar tudo.

Hoje, não consigo ver amor em nenhum lugar ou rosto, apenas indiferença e um género de ódio ou talvez rancor.

Hoje não consigo pintar um sorriso no rosto de uma criança nem inventar uma cinematográfica e arrebatadora paixão.

Hoje, estou cansado de ti…

Hoje, estou farto de mim…

Hoje, não passo de uma morte por cumprir...

Hoje falta-me a força para morrer…

Não sei se estar só é estar ausente do corpo que mora num espaço repleto de multidão.

Não sei se solidão é escrever à flor da pele, rodeado de memórias e títulos de lombadas já gastas, acompanhado apenas de uma música amena para não acordar quem dorme.

Não sei se estar só é espremer ao máximo os gritos que apetece atirar até os ecos morrerem na neblina do Tejo.

Não sei se solidão é esquecer o agrilhoamento da porcaria que envolve o mundo como se esquecesse de que é nele que se pagam todas as injustiças.

Não sei se estar só é a vontade de sair de mim e gritar de pulmão descerrado que acima das misérias, existe ainda a gratidão; e que bastava que ela fosse partilhada na reciprocidade para nos sabermos acompanhados.

Não sei se a solidão é a impossibilidade de respondermos sim ao que nos pedem.

Não sei se estar só é ser-se mal-amado.

Não sei se solidão é não ter sono e escutar todos os espectros dos ínfimos ruídos na rua.

Não sei se estar só é lembrarmo-nos quem somos e o que fazemos.

Não sei se solidão é viver perdido entre muita gente e rodeado de uma permanente ansiedade.

Não sei se estar só, foi por vontade de Deus…