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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quando a lua se esconde



Desde petiz que sempre pressenti que a noite nascia pelo seu odor. O aroma escuro acariciava-me as faces. Hoje avassala-me o espírito e a alma.
A de hoje estava particularmente abafada e o calor penetrava pelas janelas do meu quarto.
Estou agora na minha cama e nem sei como aqui cheguei.
Não, hoje não vou adormecer. Quero e necessito viver a noite. Coisa que não faço há imenso tempo, ou quase nunca fiz.
A tua presença está em mim e sinto-te. Tal como um sonho delirante, apenas te vejo a ti e vivo a vida num breve instante.
Vou ao teu encontro. Quero continuar a sonhar contigo a meu lado. São delírios de uma mente amante. Sonhos de um homem mendigo de amor que sonha de olhos abertos.
Sei que nunca me abandonaste, sempre me protegeste, respeitando as minhas escolhas, enquanto eu, me refugiava nos dias que passavam analisando as minhas inseguranças na esperança de obter respostas.
Mas há coisas que não têm explicação nem resposta, simplesmente são.
Sonho contigo e pensei que poderias ser a chave que balança hesitante no colo da fechadura do meu viver.
Sofro o desvario e a loucura porque me sinto uma semente vazia, um fruto podre no meu despotismo, sem folha, flor ou fruto.
Sinto-me um barco inacabado a percorrer águas estagnadas que me amarra ao leito do meu torpor, e perco-me nestes pensamentos, escondo a tristeza por entre a minha janela que se fecha na escuridão da noite. É como se ao sonho faltasse o delírio e como se ao delírio faltasse o sonho.
Abdiquei da saída noctívaga e narcotizei-me a pensar que acordava apenas daqui a uns anos num qualquer apeadeiro, numa cratera da lua.
Vi que das estrelas caíam palavras que juntinhas faziam uma frase de um texto nu.
No entanto sei que habitamos a força gravítica da terra onde podemos ser pensamento, mesmo triste, mas onde a vida existe. E, só ela responde quando a lua se esconde.

1 comentários:

Ana Carolina disse...

Uma coisa que não sei é, muito sinceramente, escrever um belo texto. Daí o gostar tanto de o ler. Por outro lado, fica-me sempre um amargo de boca, uma angústia, uma tristeza que não sei explicar... Porque me revejo? Talvez... Terei que parar de o ler? Não queria...