Chegaste numa noite de luar e disseste um “quero-te”, devagar.
Eu disse que sim.
Aliás, nunca soube dizer não, principalmente a uma menina bonita, nunca soube dizer que não, sobretudo a uma menina bonita enrolada num vestido curto, nunca soube dizer que não, especialmente a uma menina bonita enrolada num vestido curto, de alparcas nos pés e a sussurrar coisas cálidas ao ouvido.
Eu sorri-te e fomos felizes por um tempo. Recordo para todo o sempre o nosso primeiro dia em que nos beijámos atrás do pavilhão da ginástica. O tempo é sempre curto para fazermos tudo o que queremos. E é sempre longo demais porque passado algum tempo morre a pirexia do amor.
Esse dia reflecte-se hoje no tecto vazio para onde estou a olhar há duas horas e quarenta e sete minutos. Foi o princípio do fim.
Foi o princípio de um mês de ternura lubrificada em que cada momento e era intensificado ao limite. Fomos carne ardente de desejo por um tempo. Foi o princípio do fim da ilusão que pode haver calor para sempre, foi o fim do engano do “para sempre”.
Mas não podia ser de outra forma. Porque quando aos treze anos, no casamento de uma prima, dancei com a Lena, a tal menina, tive pela primeira vez consciência do desejo.
Nessa altura deveria andar apaixonado pelas doze colegas de turma ou por alguma rapariga mais nova da turma do Pardal.
Mas a Lena foi, nessa dança, o amor. Sim… nesse tempo longínquo existia amor, paixão, fantasia e alguma dose de inocência.
Sou um homem de cinquenta anos e avistem que ter cinquenta anos hoje é muito diferente de tê-los há cinquenta anos atrás.
Perguntam vocês, porquê?
Porque somos pessoas de dois séculos. Conhecemos o século passado e o presente. Crescemos nas pré-tecnologias informáticas do “ZXSpectrum” e assistimos à mudança de toda uma sociedade que se encontrava amordaçada e que sem arreios galgou sem prudência o muro da liberdade. Pertencemos a dois mundos, um, quase medieval, o outro, que lembra as histórias de ficção científica do “Espaço 1999”.
Ter hoje cinquenta anos vale mais do que nunca!
Mas o que me trás a este tema?
Há bastante tempo que me deparo com coisas neste mundo virtual, que é capaz de abolir a paciência a um “Santo”.
Que o mundo é cruel, todos nós sabemos. Que é cruel, porque as pessoas o são, também todos sabemos.
Em tempo de tanta mulher exposta, eu continuo a afirmar que gosto de as despir nuas, para as poder pintar na sua essência. Trabalhá-las com as mãos de um artesão como uma peça de porcelana.
Porque hoje em dia talvez a verdadeira excitação esteja em ver uma mulher despir-se na sua verdade, desnudar-se emocionalmente.
A banalização da nudez explícita que se observa pelos cantos é devastadora para a mulher e castrante para o homem.
O que não falta é candidata para tirar a roupa.
Serviu de figurante numa novela, tem um corpo jeitoso… Capa de revista da Playboy. É prima aluada de um jogador de futebol posa nua, porque o primo mete a cunha na Maxmen.
Caiu de um terceiro andar e saiu ilesa. Entrevista para a televisão… E já agora umas fotos para um artigo da FHM?
Ganham uns euros. O marido ou o namorado dá o seu apoio porque o dinheiro até faz falta, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor para quê?
E porque a Concentração Internacional de Motos do Algarve não é só caveiras, fatos de cabedal e motociclistas de alta cilindrada, o palco principal do festival o aclamado concurso da Miss T-shirt Molhada. E chega para todas.
As motards mais desinibidas e com alguns atributos também têm a sua oportunidade de mostrar que a sensualidade também anda sobre duas rodas."Gosto muito do strip, seja de mulheres ou de homens", garantia uma jovem espanhola, na primeira fila a um amigo que nunca faltava a este e outros eventos do género. Coreografias, arte e expressão não eram o principal motivo para a jovem estar atenta ao palco. "Quero mesmo é ver corpos nus."
Não será muito mais intenso assistir a uma mulher desabotoar os botões da sua fantasia, da sua dor ou da sua história?
Não é muito mais erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente.
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor segredos e insanidades, revelar o interior.
Despir a nossa alma e mostrar quem somos, o que vestimos por dentro.
Mas desnudar-se assim não é para qualquer mulher porque só mulheres especiais e maduras o fazem com intensidade.
Eu não conheço striptease mais sedutor?
E, vocês?
Já agora… vale a pena pensar nisto!
Eu disse que sim.
Aliás, nunca soube dizer não, principalmente a uma menina bonita, nunca soube dizer que não, sobretudo a uma menina bonita enrolada num vestido curto, nunca soube dizer que não, especialmente a uma menina bonita enrolada num vestido curto, de alparcas nos pés e a sussurrar coisas cálidas ao ouvido.
Eu sorri-te e fomos felizes por um tempo. Recordo para todo o sempre o nosso primeiro dia em que nos beijámos atrás do pavilhão da ginástica. O tempo é sempre curto para fazermos tudo o que queremos. E é sempre longo demais porque passado algum tempo morre a pirexia do amor.
Esse dia reflecte-se hoje no tecto vazio para onde estou a olhar há duas horas e quarenta e sete minutos. Foi o princípio do fim.
Foi o princípio de um mês de ternura lubrificada em que cada momento e era intensificado ao limite. Fomos carne ardente de desejo por um tempo. Foi o princípio do fim da ilusão que pode haver calor para sempre, foi o fim do engano do “para sempre”.
Mas não podia ser de outra forma. Porque quando aos treze anos, no casamento de uma prima, dancei com a Lena, a tal menina, tive pela primeira vez consciência do desejo.
Nessa altura deveria andar apaixonado pelas doze colegas de turma ou por alguma rapariga mais nova da turma do Pardal.
Mas a Lena foi, nessa dança, o amor. Sim… nesse tempo longínquo existia amor, paixão, fantasia e alguma dose de inocência.
Sou um homem de cinquenta anos e avistem que ter cinquenta anos hoje é muito diferente de tê-los há cinquenta anos atrás.
Perguntam vocês, porquê?
Porque somos pessoas de dois séculos. Conhecemos o século passado e o presente. Crescemos nas pré-tecnologias informáticas do “ZXSpectrum” e assistimos à mudança de toda uma sociedade que se encontrava amordaçada e que sem arreios galgou sem prudência o muro da liberdade. Pertencemos a dois mundos, um, quase medieval, o outro, que lembra as histórias de ficção científica do “Espaço 1999”.
Ter hoje cinquenta anos vale mais do que nunca!
Mas o que me trás a este tema?
Há bastante tempo que me deparo com coisas neste mundo virtual, que é capaz de abolir a paciência a um “Santo”.
Que o mundo é cruel, todos nós sabemos. Que é cruel, porque as pessoas o são, também todos sabemos.
Em tempo de tanta mulher exposta, eu continuo a afirmar que gosto de as despir nuas, para as poder pintar na sua essência. Trabalhá-las com as mãos de um artesão como uma peça de porcelana.
Porque hoje em dia talvez a verdadeira excitação esteja em ver uma mulher despir-se na sua verdade, desnudar-se emocionalmente.
A banalização da nudez explícita que se observa pelos cantos é devastadora para a mulher e castrante para o homem.
O que não falta é candidata para tirar a roupa.
Serviu de figurante numa novela, tem um corpo jeitoso… Capa de revista da Playboy. É prima aluada de um jogador de futebol posa nua, porque o primo mete a cunha na Maxmen.
Caiu de um terceiro andar e saiu ilesa. Entrevista para a televisão… E já agora umas fotos para um artigo da FHM?
Ganham uns euros. O marido ou o namorado dá o seu apoio porque o dinheiro até faz falta, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor para quê?
E porque a Concentração Internacional de Motos do Algarve não é só caveiras, fatos de cabedal e motociclistas de alta cilindrada, o palco principal do festival o aclamado concurso da Miss T-shirt Molhada. E chega para todas.
As motards mais desinibidas e com alguns atributos também têm a sua oportunidade de mostrar que a sensualidade também anda sobre duas rodas."Gosto muito do strip, seja de mulheres ou de homens", garantia uma jovem espanhola, na primeira fila a um amigo que nunca faltava a este e outros eventos do género. Coreografias, arte e expressão não eram o principal motivo para a jovem estar atenta ao palco. "Quero mesmo é ver corpos nus."
Não será muito mais intenso assistir a uma mulher desabotoar os botões da sua fantasia, da sua dor ou da sua história?
Não é muito mais erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente.
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor segredos e insanidades, revelar o interior.
Despir a nossa alma e mostrar quem somos, o que vestimos por dentro.
Mas desnudar-se assim não é para qualquer mulher porque só mulheres especiais e maduras o fazem com intensidade.
Eu não conheço striptease mais sedutor?
E, vocês?
Já agora… vale a pena pensar nisto!
Este texto nasceu após a leitura de uma crónica da jornalista Martha Medeiros (Outro tipo de mulher nua…)
Imagem: Google
2 comentários:
Mesmo sendo mulher não poderia estar mais de acordo com o que aqui foi escrito. E que bem escrito!
Obrigada!
EuSou
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