“Que lindo par!
Ele, belo com essa beleza que distingue o homem; ela, bela com essa beleza que Deus dá só à mulher! Ai! Um sorriso que se desprendesse dos lábios formosos daquela virgem mataria de amores um homem! Um olhar meigo e terno que brilhasse por entre aquelas pestanas aveludadas venceria o mundo!
Naquele tempo da faculdade, Elisabete dançava impreterivelmente todos os domingos. Das sete à meia-noite. Vestido rosa, rabo-de-cavalo, sapato baixinho, ainda. Batom e algumas gotas de perfume francês, roubadas do frasco da mãe.
Naquele tempo, toda noite tinha lua. Com ou sem estrelas. Toda noite era azul e linda. Aos domingos.
O baile começava cedo e ela fingia não notar os olhares insistentes dos rapazes. Dançava displicente com uns e outros. Ar de enfado. Até que, depois do intervalo, ele aparecia. Às dez. Sempre. Como um deus sob a luz negra do salão.
Dançavam até o último segundo, última música. Sempre. Depois, beijo rápido à saída. Quase casto, não fora o calor que lhes subia coxa acima.
A cada domingo, tudo se repetia. Então, um dia, ele não veio. Todas as noites tornaram-se escuras. Sem lua. Para sempre. Nunca mais dançou.
Às vezes, uma lágrima humedecia-lhe o olhar quando ouvia a canção antiga.
Tempos depois, um convívio de final de ano lectivo de alunos e professores. Sorriu ao ouvir a mesma música. Mal acreditou, quando ele a convidou para dançar. Às dez. Como antes. Surgido do nada. Com a lua que, súbito, inundou a noite. Como se nunca houvesse o tempo passado.
Apenas mudou o beijo à saída. O gosto de vida vivida que, para sempre, lhe marcou a boca. Ele tinha casado. O filho era aluno na mesma escola. Nunca mais lhe conheceram namorados a sério após a faculdade. Obviamente nunca casou.”
In: "Asas de borboleta" (Não editado)
Ele, belo com essa beleza que distingue o homem; ela, bela com essa beleza que Deus dá só à mulher! Ai! Um sorriso que se desprendesse dos lábios formosos daquela virgem mataria de amores um homem! Um olhar meigo e terno que brilhasse por entre aquelas pestanas aveludadas venceria o mundo!
Naquele tempo da faculdade, Elisabete dançava impreterivelmente todos os domingos. Das sete à meia-noite. Vestido rosa, rabo-de-cavalo, sapato baixinho, ainda. Batom e algumas gotas de perfume francês, roubadas do frasco da mãe.
Naquele tempo, toda noite tinha lua. Com ou sem estrelas. Toda noite era azul e linda. Aos domingos.
O baile começava cedo e ela fingia não notar os olhares insistentes dos rapazes. Dançava displicente com uns e outros. Ar de enfado. Até que, depois do intervalo, ele aparecia. Às dez. Sempre. Como um deus sob a luz negra do salão.
Dançavam até o último segundo, última música. Sempre. Depois, beijo rápido à saída. Quase casto, não fora o calor que lhes subia coxa acima.
A cada domingo, tudo se repetia. Então, um dia, ele não veio. Todas as noites tornaram-se escuras. Sem lua. Para sempre. Nunca mais dançou.
Às vezes, uma lágrima humedecia-lhe o olhar quando ouvia a canção antiga.
Tempos depois, um convívio de final de ano lectivo de alunos e professores. Sorriu ao ouvir a mesma música. Mal acreditou, quando ele a convidou para dançar. Às dez. Como antes. Surgido do nada. Com a lua que, súbito, inundou a noite. Como se nunca houvesse o tempo passado.
Apenas mudou o beijo à saída. O gosto de vida vivida que, para sempre, lhe marcou a boca. Ele tinha casado. O filho era aluno na mesma escola. Nunca mais lhe conheceram namorados a sério após a faculdade. Obviamente nunca casou.”
In: "Asas de borboleta" (Não editado)
4 comentários:
Ola.. Boa Noite..
Fico feliz por aqui ver este texto repleto de paixao.. de uma dança sentida pelo coração, por um amor que lhe assiste..
Gostava de ver aqui mais textos deste livro.. Fico com pena de não os ver publicados..
É realmente uma perda no mundo da literatura.. embora entenda as dificuldades para lá chegar.
Uma boa noite de Natal..
Beijinhos ;)
Tão bonito João! Como sempre, não é?
Mas hoje vim até aqui especialmente pra te dar um beijinho e desejar-te um Santo Natal na companhia dos teus. Tudo de bom para ti João.
Beijinho
Carmo Fernandes
Sentimentos...
Amor...
Paixão...
O desejar o outro por uma sensação chamada energia e mistério que não se consegue explicar.
Meu querido, que seu Novo Ano seja vibrante e cheio de realizações.
Beijinhos em teu coração
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