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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

“Eu não espero uma mulher, espero simplesmente um amigo.”


Não me reconheço, ultimamente. Hoje pejado de uma apatia estranha que me toldava os movimentos das pernas e os batimentos cardíacos, prostrei-me encostado a uma tabique na tentativa de conseguir engolir o sabor acre da mágoa e descansar o barulho que me martelava o cérebro como sinos a tocar em debalde.
A respiração ofegante provocava dor no meu peito.
Gotículas de suor escorriam-me pela testa e invadiam-me os olhos. O ardor das gotas de fluidos do meu corpo faziam-me semicerrar os olhos e embaciaram o espelho da minha alma.
“Onde estou?” “Que faço aqui?” “Porquê?”
Com estorvo, via a silhueta das pessoas que passavam apressadamente fugindo da ameaça da chuva que teimava em cair.
Sem percepção os meus pés continuavam como colados ao chão.
As pingas, agora da chuva, misturaram-se às de suor. Pareciam picos que me abalroavam a cabeça desamparada.
“Que faço aqui?” Um contorno feminino mirava-me de alto a baixo.
“Que queres?” “Deixa-me por favor.”
“Eu não espero uma mulher, espero simplesmente um amigo.”
Um breve sorriso feminil fez-me aliviar por dois segundos um coração aflito. Ao retirar dos lábios aquele sorriso, tirou da mala um chapéu-de-chuva de um amarelo berrante, que me agasalhou como uma barreira protectora.
Passei a ver melhor, porque o escudo provocado pelo chapéu protegia-me os olhos da chuva e do fuzilar das pingas a esmurrarem-me a cabeça.
“Não, eu não quero uma prostituta.”
“Não, eu não preciso de bebida.”
“Muito menos de um padre virgem.”
“Sim, quero estar só.”
“Apenas quero alguém que me proteja e que queira chorar comigo.”
“Não, não quero fazer amor.”
“Quero só saborear o seu doce aroma.”
“Vais?”
“Desculpa, eu não espero uma mulher, espero simplesmente um amigo.”


16-02-2010

4 comentários:

RENATA CORDEIRO disse...

Sua priminha e amiga está aqui.
Adorei o seu post!

Poema para vc, meu querido!

*Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.

Paulo Leminski*

Beijos

Muito obrigada!

Bom dia!

Renata

catwoman disse...

E o quanto faz falta um amigo! Como é bom termos um daqueles em quem nos podemos apoiar...no entanto, por vezes, é mais fácil desabafar co um estranho...por isso entrei na blogosfera. Agora os motivos são outros: aprendi a gostar, ajudou-me, ajudaram-me...
Se precisares,porque já vi que a tua perda foi grande, sabes como me "encontrar".

Maria Clara disse...

Parabens vencedora!!!
Eu não participo, mas vou acompanhando coriosa.
Um beijo.

Moi disse...

Pois é meu caro amigo,

Os amigos são muito mais fieis, podem nos ver de todas as formas que continuam a gostar de nós.
Os verdadeiros amigos, claro!
Esses são verdadeiros tesouros quando achados.
Fica bem.