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sábado, 14 de novembro de 2009

Homem de cinquenta...

(Este texto pretende ser uma sátira aos homens de cinquenta… pronto! Como eu. É uma adaptação de um excerto do livro Ano Louco, e pretendo com ele dar a conhecer uma faceta mais prosaica do Sonhadoremfulltime… Divirtam-se, se for esse o caso…)



Todas as sextas-feiras tento a sorte que meio mundo anseia… o Euromilhões. Sabem porquê?
Porque quando somos ricos podemos tratar muito melhor do nosso aspecto. E eu estou na idade apropriada para o fazer.
Vejam os retoques que esse pessoal de Hollywood protagoniza além das películas em que participa.
Embora a grande maioria ainda nem se abeire dos quarenta, mas quem tem “money”, tem tudo.
A partir dos cinquenta anos, começamos a sentir o peso da idade, ou seja, começamos a procurar sinais da idade.
Até lá um tipo não tem idade, é simplesmente novo, alegremente sem idade, nem sequer sabe o que é isso da idade.
Depois, bem depois, quando dá por isso, apercebe-se que já não pode renovar o cartão jovem, é confrontado com o facto de que afinal já começa a ter idade.
Diz-se que a primeira crise, começa com a ternura dos quarenta. Começamos com aquele saborzinho diferente, o da descoberta, o da procura dos sinais e efeitos da idade, espécie de obsessão genética.
O problema é que em mim são difíceis de encontrar esses sinais e ainda mais os efeitos, é verdade! Acreditem… percorro o corpo em busca de sulcos, mas não encontro. Pelo menos não os vislumbro, nem os apalpo.
Claro que visto de cima, pareço-me cada vez mais com o Santo António, mas tento nunca me baixar na presença feminina para que não me descubram a careca. Depois também nunca fui de fazer parar o trânsito e tirando aqueles detalhes fisionómicos, algumas proeminências na zona abdominal de ténue importância, não encontro nada de verdadeiramente significativo.
Não ocorre em mim neste momento nenhum processo de degradação física ou intelectual visível, qualquer sintoma de senilidade mental... o que é que eu estava a falar mesmo?
Ah, a única alteração que ocorreu em mim, foi de um momento para o outro julgar que tenho as bainhas da maioria das minhas calças subidas de mais.
Deixei de suportar andar com a boca das calças a dançarem-se-me nas canelas quando ando.
Quando aperto o passo o efeito ainda agrava. Fui eu que cresci? Será que ainda estou a crescer?
A partir de agora a calça tem que roçar o chão sem lhe tocar, sem que, no entanto não esconda a marca da meia quando cruzar as pernas. Fundamental!
Confesso que ainda não dou mais valor ao interior que ao exterior duma gaja, mas talvez para me redimir, passei a dar mais valor à minha roupa interior que exterior.
De marca, impreterivelmente, tenho actualmente um invejável stock de meias e cuecas tipo boxer, justinhas e de excelente qualidade.
Que melhor sinal dos cinquenta que este! Também devo dizer de outra alteração significativa...
Passei a dar importância ao barulho que os sapatos fazem quando ando.
É verdade, o que este gajo se lembra!
Insisto com a elegante mania de só usar sapatos pretos com atacadores, mas a sola e o tacão ganharam significados completamente novos para mim.
De modo que naturalmente numa próxima visita à sapataria, levarei em conta tais pormenores e pedirei à empregada que me deixe medi-los antes de ensaiar o andar em diversos tipos de solo.
Se virem alguém experimentar sapatos nos canteiros das plantas, teste de som em solo arenoso, muito provavelmente serei eu.
Se usar boxers Calvin Klein, então serei eu de certeza absoluta.
De resto, cabelos brancos, alguns, calos nos pés, alguns (nos quintos pododactilos… julgo que é assim que se chamam os mindinhos dos pés).
Estou, como diria o “Hermano”, melhor que nunca e não fui acusado de pedofilia, de cheirar mal dos pés, de não ter declarado todos os meus desastrosos negócios bolsistas no IRS e não tenho ninguém atrás de mim exigindo-me uma pensão de alimentos.
Sinto-me em forma e comecei a beber dois litros de água com chá da Herbalife por dia no trabalho, outro sinal da idade, mas também resultado das leituras fugazes que faço da Mens Health, (onde ainda tento descobrir a Sylvia Kristel, do meu tempo) por acaso outro sinal da idade.
Vivo num meio-termo nirvânico, conseguindo por um lado pagar as contas triviais, água, luz, aspirinas, ir ao cinema quando o rei faz anos... e pouco mais.
Cadeias de fast-food, moderadamente, mas por outro não consigo chegar a um Smart Roadster e ter uma casa com uma vista deslumbrante para o mar nas Açoteias...
Bom! Também não terei desgastes nem aborrecimentos.
Passados uns aninhos, muitos aninhos lá para a frente, uma miúda do liceu irá confundir-me com o namorado com quem acabou ontem. É que os seus namoros nunca resultaram com miúdos mais novos que ela.
Os meus amigos esquecidos da escola primária vão reconhecer-me e à saída de um restaurante imediatamente perguntar-me-ão:
- Desculpe, penso que andei com o seu pai na escola...
Jamais terei umas rugas de expressão (idade, velhice) como o Jack Nicholson.
Que idade terá o tipo?
Já terá passado dos cinquenta?
O homem é um galã, logo nunca deve passar dos trintas e tal.
Não! Esperem lá. Eu assisti ao “Voando sobre um ninho de cucos”, na estreia do filme em Portugal.
Esperem… estou a fazer as contas… afinal o tipo já tem setenta e dois…
Afinal ainda sou um jovem…

Texto: Ano Louco

Foto: Google

2 comentários:

Anónimo disse...

Sua pagina esta fabulosa!!!
A foto do perfil então....magnifica!!!!
Parabéns
Talvez amanha

Anónimo disse...

Sua pagina esta fabulosa!!!
A foto do perfil então....magnifica!!!!
Parabéns
sonho_azul