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quinta-feira, 11 de março de 2010

Preciso de me encontrar



Lá fora chove e tenho sono. Não quero acordar.
Já sinto saudades das manhãs solarengas e sabor a veludo.
De momento nada procuro. Nem as manhãs de sol, nem o significado da palavra.
Sei que quero estar vivo e no entanto morro aos pedaços. Uma porção de cada vez.
A morrer a passos largos para este filme, rodado na escuridão, protagonizado por um actor de segunda, sem jeito, sem guião e sem direito a qualquer tipo de Óscar.
Também nunca dei muito valor a isso. Como nunca dei o verdadeiro valor a ser feliz. Penso que deveria retroceder alguns anos. Talvez ao ventre afavelmente morno da génese de mim. Não o posso fazer. Também já não tinha sequer vontade.
Preciso de me encontrar. Olhar em meu redor. Nem que me descubra debaixo de um tapete, atrás de uma porta, mas tenho de me encontrar no compasso de uma dança, numa palavra, num sorriso. Tenho de sacudir a poeira, varrer debaixo do tapete. É hora de mudar a valsa da minha dança, voltar a escrever o que ainda não escrevi e a sorrir o que não sorri. Fazer da minha vida uma doce sinfonia.
Fico por momentos, a olhar… lendo no horizonte um texto de vento, um poema de chuva. E esses momentos são como andorinhas que voam na minha memória, são cheiros e sabores que ficam a adornar o tempo que sempre foge. Tal como a minha andorinha me abala quando esvoaça no meu peito. Ando ausente de mim, distante de tudo. Passo por monumentos e não os vejo, por sítios onde os havia e nem me apercebo que os tiraram. Pela casa onde moro e não distingo que morri.

8 comentários:

catwoman disse...

Estava a pensar se te deveria dizer alguma coisa porque tens estado ausente e poruqe notei a tristeza em ti e, talvez, um pouco daquele vazio que nos trás em "piloto automático", apenas realizando tarefas e esquecendo a vida. estava eu nesta indecisão quando aparece este teu post. Eu nunca escrevo com regularidade, não sou escritora, apenas desabafo, devaneio por isso as minhas ausências são banais. As tuas não, mas todos passamos por estes momentos... se precisares, sabes o que fazer, os amigos são sempre bem vindos, a qualquer hora: a friend in need is a friend indeed. Bjs.

Moi disse...

Magnifico texto, mas demasiada solidão...
Se esse é realmente o teu sentir, quão profundo e pesado foi o passado para enublar assim o futuro!...
A vida corre demasiado depressa para perdermos todos os seus preciosos minutos. E vale sempre a pena recordar o que passou, mesmo que nesse passado exista dor, porque isso só significa que existiu, e que continuamos vivos!...

Bjs :)

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido
Como te compreendo, por vezes, nem sabemos que andamos,estamos porque estamos, vivemos porque sim, nada mais.

beijinhos
Sonhadora

Penélope disse...

Estamos eternamente a nos procurar... a querer voltar para o ventre de onde fomos gerados como que a tentar o nascimento de uma outra pessoa de nós, melhor, diferente... como que a dizer - desta vez nascerei mais feliz... serei outro que não eu...
Na verdade, temos que seguir em frente com esse que somos, olhar a essência e procurar os sonhos...
Fortemente soprar as grossas poeiras que nos cobre a felicidade.

Fico tão triste ao ver-te e sentir-te um pouco triste também.
Beijinhossssssssssss

Maria Clara disse...

Ola meu amigo,,,é muito bom ler as coisas que escreve,,,perco-me,,,volto a ler e encontro-me em frazes, em palavras, em sentimentos.
É um prazer vir aqui.
Um bom fim de semana...
Beijo doce

Maysha disse...

Ola Sonhador
Lindo texto, mas sinto uma certa tristeza.
É importante sonhar a vida, tornar os dias bonitos, sorrir à tristeza, sou perita nisso, mesmo que o sorriso seja triste.

Um bom fim de semana e um beijo

DoceAroma disse...

Deixo-te algo que em tempos escrevi... e um beijo!

Sim,
sei bem,
que nunca serei alguém.
Sei de sobra
que não terei uma obra

Sei enfim….
que nunca saberei de mim

Mas agora,
enquanto dura esta hora,
esta paz em que tu e eu estamos,
deixa-me querer
o que nunca poderei ser!

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Solidão pode ser um momento de crescimento...
Bjkas, meu querido!
Bom domingo!